
crédito: Ehsan Namavar
Esqueça. Se você pensou que eu fosse começar a segunda falando sobre o hit da Rihanna, errou duas vezes. Primeiro porque eu não escrevo sobre música. Axé! Segundo, porque o título acima é o máximo que eu sei da letra.
Na verdade, o refrão foi apenas um pretexto para tocar num assunto que sempre me deixa intrigada: nome de gente. A começar pelo meu. Afinal, quantas pessoas você conhece chamada Heloneida? Nem precisa responder…
Também não é novidade que no Brasil alguns nomes não saem de moda: Arthur, Júlia, Miguel, Beatriz, Manuela, Mariana etc. Se alguém tem dúvidas, é só dar uma olhada no levantamento feito pelo Baby Center Brasil com os 100 nomes de bebês mais usados no país, em 2010.
Segundo a pesquisa, não é difícil perceber que por aqui, no caso dos meninos, papais e mamães têm preferência por nomes religiosos: Gabriel (1º), Davi (2º), Miguel (3º), Matheus (5º), Lucas (6º), Pedro (8º), Rafael (11º), Tiago (34º), João (35º), entre outros.
Escolha que pode estar relacionada com a opção religiosa dos pais. Afinal, o Censo 2000, feito pelo IBGE, mostrou que os católicos e os evangélicos representam 89,20% da população brasileira, enquanto os ateus e os agnósticos somam menos de 2%.
E sabe o ditado: ‘Não tem só uma Maria no mundo’? Pois é, e não tem mesmo. Além delas ocuparem a 51ª posição, outras “Marias’ entraram na lista: Maria Eduarda (4ª), Maria Clara (16ª), Maria Luiza (20ª), Maria Fernanda (43ª), Maria Júlia (55ª), Maria Vitória (65ª), Maria Laura (93ª) e Maria Cecília (97ª).
Isso sem falar em conhecidas que ficaram de fora do ranking do Baby Center Brasil: Maria Antônia, Maria Aparecida, Maria Augusta, Maria Auxiliadora, Maria Dulce, Maria Inês, Maria Lúcia, Maria das Dores, Maria das Graças, Maria de Fátima, Maria de Lourdes… Santa mãe, é Maria que não acaba mais!
Acho até que somos o país das ‘Marias’. Claro, sem fazer qualquer referência àquelas mais populares como: Maria chuteira, Maria-batalhão, Maria-vai-com-as-outras, Maria-tatame, Maria-gasolina e a famosa Maria-preguiça.
Agora, curioso mesmo é o hábito dos brasileiros em misturar nomes de parentes para colocar nos filhos. Não sei quanto às 18 ‘Heloneidas’ que encontrei no Orkut (você pode conferir aqui e aqui), (Sim, nós existimos!) mas eu mesma sou um exemplo desse hibridismo: pai Elio e mãe Cileida.
E não sou caso único. O que dizer de minha prima Adireza, cujo pai chama Adir e a mãe chama Tereza? Minha amiga Hilneila então é moça de família: ‘Hil’ do avô Hildon, ‘Nei’ da avó Neila e ‘La’ da mãe Marcela.
Convenhamos, se dá nomes aos bois já é tarefa difícil, nomear gente é ainda mais complicado. Não para os balineses, claro. Segundo relato etnográfico de Clifford Geertz, em O saber local, o nome deles são relativos à ordem do nascimento:
“Estes são quatro: ‘o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto natos. Depois disso, inicia-se outra vez a série, e os filhos que nascerem em quinto e sexto lugar, serão, outra vez chamados, respectivamente, de primeiro e segundos natos.’” (p. 97)
E ainda tem gente que implica com meu nome: “Helô… o quê?” Boa segunda!