Domingo: As mulheres rendeiras

por Bruna Pegurier

Rendeira de bilro

Acabo de voltar de uma semana de imersão na cultura popular e nos costumes do povo do Ceará. Esse lugar abriga em peso minha árvore genealógica, mas não vim falar sobre minha família no blog.

Lá, pude visitar pontos turísticos importantes como a Antiga Cadeia Nacional, uma construção de meados do século XlX. Aproveitei a estadia para conhecer também o Museu de Arte Popular e uma feirinha de artesãos.

Esse é o meu assunto no dia do convidado. Em meio às rendas de filé e renascença, crochês de todos os tipos e cores, meu foco estava em encontrar Dona Rosa Ribeiro Bruno, única rendeira de bilro que ainda trabalha por lá.

Dona Rosa, uma senhora de garra e persistência na vida, nasceu no dia seis de março de 1937, na cidade de Acaraú, a 255 km de Fortaleza. Dos oito filhos, a vida lhe deixou três os quais se orgulha muito.

Conversando com Dona Rosa, ela só interrompe o trabalho para me mostrar a imensidão de rendas que guarda ali como um tesouro esquecido, porém valioso à espera de compradores. O trabalho com a renda de bilro consiste em criar desenhos com o fio de algodão em cima do rebolo, um cilindro duro recheado com palha ou algodão.

Em meio à beleza que o lugar tem a oferecer, Dona Rosa e outros artistas se queixavam sobre o mesmo problema: a falta de incentivo do governo a esse tipo de trabalho que muitas vezes está na mão de revendedores ou de ONGs. Para os artesãos, o reconhecimento não está no mesmo patamar do valor de venda dos produtos e a remuneração é baixa. Pude perceber que esse era o ponto que mais incomodava os artesãos: a hipocrisia e a ganância.

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