por Larissa Ribas
Oi, pessoal! Hoje vamos falar sobre O alienista (Ed. Ática – Col. Bom Livro, 61 páginas, R$ 20,90), de Machado de Assis. O livro foi publicado, pela primeira vez, em Papéis Avulsos, no ano de 1882.
Cuidado. Hoje vocês vão mergulhar na história do Dr. Simão Bacamarte. Preparem-se…
Médico em Itaguaí, Simão começa a internar os que ele considera LOUCOS, na cidade de Itaguaí, em pleno século XIX. Resultado: qualquer ser pensante com um comportamento considerado fora do padrão é levado ao hospício (a famosa Casa Verde). Aos poucos, em calculada progressão, cerca de quatro quintos da população de Itaguaí é internada. Mas ser ou não ser louco?
Eis aí uma boa questão. Aliás, é por conta disso que os até então pacatos cidadãos de Itaguaí se rebelam contra a Casa Verde. O barbeiro Porfírio, líder popular da cidade, exige a paralisação do hospício. Porém, acaba aceitando ou sucumbe diante das “experiências científicas” do médico e seu jeito totalitário de ser.
No decorrer da narrativa, Dr. Simão, o “homem da ciência”, adere a novos conceitos e opta por um método inverso no diagnóstico da loucura: “solta” os ditos LOUCOS que estavam presos no hospício e decide que os verdadeiramente insanos são os cidadãos reconhecidos como justos, dotados de bom caráter. Simão Bacamarte – Êta nomezinho significativo… – declara publicamente e com a mais absoluta certeza que seus pacientes LOUCOS estão curados. E assim caminha, nesse troca troca de parâmetros a sua (a nossa) des-humanidade, respaldada na verdade científica que Machado ironicamente traz à tona.
Simão Bacamarte alude à fragilidade da ciência enquanto resposta absoluta à verdade do homem. O fim do polêmico protagonista acontece na Casa Verde, meses depois após se trancar no próprio hospício – a Bastilha da razão humana – que criara. Analogamente aos episódios representativos da Revolução Francesa, muitas cenas nos trazem uma série de questionamentos: quem é de fato louco? Qual é o conceito de loucura? E qual é a dimensão do preconceito? Qual a representação social e política do tratamento? A ciência responde e/ ou comprova as dúvidas e questões humanas?
Como podemos ver em O alienista, a loucura marca a história – hilária – de Simão Bacamarte, um médico que cresce em uma sociedade ainda deslumbrada pelo poder e pela fama, crédula em diplomas concedidos no exterior como respaldo a uma razão científica de cartas de baralho. Com o auxílio da ciência, Simão ‘cura’ a insanidade dos homens. O bruxo do Cosme velho sabe do que está falando. A Casa Verde é um lugar de poder, um mecanismo de controle da saúde social. Se você ainda não leu, está mais do que na hora…
Em O Alienista, no grotesco da situação, a caricatura acentua o que a sociedade não consegue – não quer? – ver. E olha que estamos falando de um livro escrito no século XIX… Vamos acordar, pessoal! Passando pela loucura, qual a questão que mais nos aliena?
Pingback: Venha ver o por do sol e conhecer as Ideias do Canário « 7 em 1