por Jéssica Lauritzen
Sabemos – ou, simplesmente, abstraímos – que os alimentos que consumimos diariamente, em geral, não chegam puros e inofensivos aos nossos pratos. No caso da plantação de leguminosas, a tonelada de agrotóxicos para combater pragas é vilã do meio ambiente e do nosso organismo também. Para criar lavouras cada vez mais resistentes a herbicidas e a peregrinação dos próprios insetos, o cultivo de transgênicos ou OGM (Organismos Geneticamente Modificados) segue em ascensão no país (2º maior produtor, depois da Argentina), tendo sido liderado pela soja e pelo milho, nos últimos anos. Sua proporção acompanha a expansão da fronteira agrícola em regiões como o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul.
Após 10 anos de pesquisa, um item típico no prato dos brasileiros é o mais novo a entrar para a lista dos OGMs: o feijão. Como foi divulgado neste mês, a primeira semente desta versão transgênica, desenvolvida para a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), foi aprovada pelo Conselho Técnico de Biossegurança (CTNBio).
Com a promessa de ser resistente ao mosaico dourado, que é uma doença transmitida pela mosca branca, ele dispensaria o uso de inseticidas para este transmissor. A “novidade” estará disponível para o plantio, no Brasil, em 2014. Digo “novidade”, pois os transgênicos estão acessíveis e presentes no nosso cotidiano há, no mínimo, 11 anos, ainda que possam passar despercebidos.
A implantação de transgênicos é vista com bons olhos para o setor econômico do país, pois movimenta os dólares a partir da redução nos custos de produção e do aumento da produtividade. Mas o assunto ainda gera polêmica, entre alguns segmentos da sociedade – quanto às possíveis consequências à saúde humana, além da alteração de vitaminas e nutrientes do alimento –, sendo alvo fácil de protestos ambientalistas. Em 2000, por exemplo, a ONG Greenpeace levantou a campanha “Transgênicos no meu prato, não!”.
“O Código de Defesa do Consumidor e do Decreto 4.680/2003 estabelece a obrigatoriedade de informar no rótulo do produto a presença de OGM em quantidade superior a 1%.”
Do feijão transgênico a um frango turbinado (com hormônios ou ração transgênica), o maior problema sempre foi a falta de informação e o desrespeito ao direito de escolha do consumidor; afinal, grãos como o milho e a soja são utilizados como ingredientes em diversos produtos que consumimos direta ou indiretamente.
Como curiosidade, veja esta lista de artigos que já foram denunciados por ONGs, e laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, por não apresentarem a devida informação no rótulo:
Biscoito recheado Tortinha de Chocolate com Cereja (Adria Alimentos do Brasil), farinha de milho Fubá Mimoso (Alimentos Zaeli), biscoito de morango Tortini (Bangley do Brasil Alimentos), bolinho Ana Maria Tradicional sabor chocolate (Bimbo do Brasil), mistura para bolo sabor coco Dona Benta (J. Macedo), biscoito recheado Trakinas (Kraft Foods), biscoito Bono de morango (Nestlé), barras de cereais Nutry (Nutrimental), mistura para panquecas Salgatta (Oetker), Baconzitos Elma Chips (Pepsico do Brasil), Ovomaltine, e produtos das linhas Soya e Knorr.
Socorro, nunca mais vou comer Baconzitos na minha vida!!! Mara seu texto, Jess!
Que medo, um monte de coisas de que eu gosto. 😛
Obrigada, flor! Pois é, meninas, e de onde vem essa lista tem muito mais!
Muito bom! Parabéns.
Meu Deus, tomei um milkshake de Ovomaltine no último final de semana… 🙂 Ótima matéria! Parabéns!