Literatura: Persépolis – uma história em quadrinhos para adultos

por Fabiola Paschoal



Engana-se quem pensa que os quadrinhos são necessariamente voltados para crianças. Não é de hoje essas histórias de teor adulto e politizado fazem sucesso entre os que já passaram da puberdade. Já na década de 60, Quino falava de assuntos sérios de maneira bem-humorada com sua simpática Mafalda. Diversas graphic novels se popularizaram por tratar de temas mais pesados, como é o caso de V de Vingança. Para a coluna de hoje, porém, decidi falar de um livro muito legal e inovador: Persépolis, de Marjane Sartrapi (Cia. Das Letras)! Aí você vai me perguntar: ok, Fabiola, mas por que raios Persépolis é um livro tão revolucionário? Pois bem, acontece que este livro nada mais é do que a biografia da autora… em formato de quadrinhos!

Marjane Sartrapi é iraniana e, neste livro, narra suas memórias, desde quando era apenas uma menina de dez anos oprimida em um país onde as mulheres praticamente não tinham direitos, até crescer e se tornar uma mulher inteligente e engajada. Há momentos bem-humorados no livro mas as partes marcantes, sem dúvida, são as que envolvem as atribulações da vida de Marjane.  Juro, há umas passagens tão emocionantes que nem o fato de serem narradas em formato de quadrinhos ameniza a tensão.

Porque, minha gente, não deve ter sido fácil passar por tudo o que ela passou. Ainda menina, descobre que cresceria sem ter voz em uma sociedade sexista e opressora. Na adolescência, é enviada para a Europa e, então, passa a viver todo o tipo de experiências, desde a liberdade de poder andar nas ruas sem medo e sem precisar se esconder debaixo de véus, à solidão de estar em um país estranho, com uma cultura totalmente diferente e repleto de preconceito. Em certo momento da narrativa, ela inicia um processo de autodestruição, se envolvendo com drogas e quebrando a cara diversas vezes. Toda esta sequência é muito triste, mas necessário para que Marjane desse a volta por cima após voltar à sua terra.

Se eu fosse definir esta autobiografia em apenas uma palavra, seria bittersweet – agridoce. A narrativa é leve, o traço do desenho é adorável e a leitura é divertida (é óbvio que o formato ajuda neste ponto), porém o livro tem passagens muito tocantes, que, de fato, provocam uma reflexão no leitor. Eu não sei você, mas tenho um pezinho no feminismo e qualquer tópico referente à violência e humilhação de mulheres, me deixa extremamente revoltada, então confesso que eu tive vontade de fechar o livro em certos momentos. Porém continuei lendo até o fim, simplesmente porque é impossível resistir à história de Marjane.

Eu li este livro quando ainda estava no início da faculdade e ainda me lembro da história até hoje de tanto que me marcou. O livro é muito bom, de verdade, e quebra de uma vez por todas essa história de que histórias em quadrinho são infantis. Recomendo muito, mesmo não sendo nem um pouco fã de biografias.

Para quem se interessou pelo enredo, eu indico também o filme homônimo, uma animação super bem-feitinha e bastante fiel ao livro (tirando uma ou outra cena mais pesada que acabaram não incluindo). Vou deixar o trailer aqui embaixo só para dar água na boca:


Você já tinha ouvido falar em Persépolis? Gosta de histórias em quadrinhos “adultas”? Se tiver alguma para me indicar, por favor, conta para mim nos comentários!

Beijos e até semana que vem. =)

4 thoughts on “Literatura: Persépolis – uma história em quadrinhos para adultos

  1. Caraca, eu tb Amanda. Ele já entrou pra aquela listinha de livros que preciso ler antes de morrer, mas que que provavelmente vai acontecer o contrário. 😦 Preciso de um dia com 72 horas, pq 48 tb não ia adiantar mt não! Oh, massacre…hehehe

  2. Pingback: Especial: História em Quadrinhos « 7 em 1

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