Uma ficção científica original

Os fãs de George Lucas podem me ameaçar com sabres de luz, mas o meu artista preferido para trabalhar com a ficção científica no cinema é David Cronemberg. Poucos apresentam uma visão tão peculiar. Obras como Scanners, Videodrome, A mosca e eXistenZ mostram esse olhar único.

Cronemberg se serviu da ciência como fonte de inspiração. Com bastante imaginação, ele abordou temas como a mutação genética e jogos com mecanismos de realidade virtual. O diretor canadense fez isso colocando um pé no horror trash. Essa característica deixou as histórias ainda mais originais.

Scanners, de 1981, coloca como protagonistas seres geneticamente modificados. Vistos como aberrações pela maior parte da população, os personagens que dão título ao longa têm a capacidade de controlar a mente das pessoas. Há um confronto quando rebeldes, liderados por Darryl Revok (Michael Ironside), usam seus poderes na tentativa de dominar o mundo. Para combater o grupo de Darryl, a esperança fica por conta de outros scanners como Cameron Vale (Stephen Lack).

Videodrome, de 1986, coloca em foco a influência do vídeo e da TV. Max Renn (James Woods) trabalha em uma emissora a cabo. Sua estação capta clandestinamente imagens de torturas e mortes. Descobre-se que a transmissão faz parte de uma experiência de submeter as pessoas a cenas violentas. A iniciativa se chama Videodrome. Com o tempo, ela causa danos ao telespectador, que se torna viciado e sofre com alucinações. Até a namorada de Max, a sadomasoquista Nicki Brand (Debbie Harry, a vocalista da banda Blondie), se sente atraída em fazer parte do Videodrome.

eXistenZ, de 1999, é mais recente trabalho de Cronemberg em ficção científica. Estrelado por Jude Law e Jennifer Jason Leigh, o longa explora a temática dos jogos de realidade virtual. Ao longo da trama, os protagonistas se confundem entre o que é real e o que faz parte do game.

Em setembro desse ano, o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo fez uma mostra em homenagem ao Cronemberg chamada “Cinema em Carne Viva David Cronenberg: Corpo, Imagem e Tecnologia”. O título do evento resume bem a expectativa comum em torno dos filmes dele. “As pessoas às vezes acham que, na hora de filmar, sigo um tipo de lista de compras, tenho de ter imagens de corpos, horror corporal, tecnologia, isso e aquilo”, disse o cineasta em entrevista recente à Folha de S.Paulo.

Talvez o diretor não goste de ser sempre lembrado apenas por seus trabalhos em ficção científica. De fato, sua carreira não se resume a esse gênero. Ele já explorou outras linguagens em Spider e Marcas da Violência, por exemplo. Porém, foi com o universo sci-fi que Cronemberg se tornou mais conhecido e conquistou fãs.

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