Música: para estádios

Eu tentei escrever sobre músicas relacionadas a futebol, mas não deu. O tema está longe de qualquer coisa que eu goste. Bem que tentei falar sobre a Waka Waka, mas vocês podem imaginar que boa coisa não sairia. Como numa conversa que toma rumos que você não quer, entra aqui aquele risinho amarelo e uma pequena mudança de rumo.

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Nos últimos vinte anos (acho que posso ser precisa a esse ponto) uma moda (no pior sentido da palavra) pegou a industrial musical: shows em arenas, estádios e festivais ao ar livre. Quanto maiores melhor. Além da péssima acústica, as bandas têm que fazer com que públicos cada vez maiores escutem suas músicas – em ambientes muito mais propícios para conversas e loucos gritando do que para a música. E assim a música foi moldada, nos últimos anos, para atingir públicos de mais de 17.000 (HSBC Arena, do Rio de Janeiro), 23.000 (O2 Arena, em Londres), 45.000 (Engenhão, Rio de Janeiro), 90.000 (Morumbi, São Paulo), até absurdos 175.000 (Glastonbury, o maior festival a céu aberto do mundo).

David Byrne, da falecida Talking Heads, deu uma palestra bem esclarecedora sobre a evolução da música de acordo com os espaços no qual ela é tocada.

David Byrne: How architecture helped music evolve

Como afirma Byrne, as arenas são, provavelmente, os locais com a pior acústica. As bandas que tocavam lá criaram o que chamamos de rock de arena, baladas de velocidade média que se sobrepõem ao falatório, como esta:

U2 – I Still Haven’t Found What I’m Looking For live at the Rose Bowl

A banda que se profissionalizou em som para arenas foi o U2, mas outras vieram no seu encalço. Quem hoje se esforça em produzir músicas que soam grandiosas e enchem um estádio é o Coldplay. Digo isso como uma fã dos primeiros trabalhos (Parachutes e Rush of Blood to the head), que já tinham potencial de mobilizar plateias, mas cuja música perdeu riqueza melódica a medida que os outros três CDs (X&Y, Viva la Vida or Death and All His Friends, Mylo Xyloto) foram lançados.

São no mínimo justas as comparações do Coldplay de início de carreira com o Radiohead e o Coldplay mais recente com o U2. Se no início, músicas como Don’t Panic já eram o suficiente para envolver as plateias para o qual tocavam…

Coldplay – Don’t Panic (live in 2000)

Mais de 10 anos depois, e um público 100 vezes maior, eles se renderam a baladas pop e muitos recursos cênicos, como podemos ver no show deles no Glastonbury de 2011:

Coldplay -Every Teardrop is a Waterfall live Glastonbury 2011 HD

E vocês, o que acham desse som para arenas? Preferem um show pirotécnico ou é a música que importa?

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