Um casamento de cinema parece ser o sonho de muita gente, mas alguns diretores apresentam uma visão pouco esperançosa do que pode ser a vida a dois. Ao invés de focar nas cerimônias cheias de glamour, os destaques desse post se concentram no cotidiano da relação.
Com uma dose de humor, François Truffaut mostra um olhar pessimista sobre o matrimônio. Em Domicílio Conjugal (1970), Antoine Doinel (Jean-Pierre Leáud) e Christine Darbon (Claude Jade) não passam muito tempo sob o mesmo teto. Traição e brigas logo preparam o terreno para o divórcio.
É impossível não pensar que Truffaut trouxe um pouco de sua experiência pessoal para compor a aventura de Antoine Doinel, apontado como seu alter ego. O personagem esteve presente em cinco trabalhos do cineasta: Os Incompreendidos (1959), Antoine e Collete (1962), Beijos Proibidos (1968), Domicílio Conjugal e Amor em Fuga (1979). Não bastasse isso, Truffaut ainda foi noivo da atriz Claude Jade.
Outro que tratou do convívio entre marido e mulher foi Ingmar Bergman. Em Cenas de um casamento (1973), ele demonstra o quanto as aparências enganam. À primeira vista, Marianne (Liv Ullmann) e Johan (Erland Josephson) formam o par perfeito. Juntos há dez anos, eles têm uma ótima condição financeira, empregos respeitados, duas belas filhas etc. Porém, esse retrato é desconstruído ao longo de seis episódios dessa série feita para a TV. É interessante lembrar que Liv Ullmann e Bergman foram casados de 1966 a 1971.
O desgaste conjugal também serviu de inspiração para François Ozon em O amor em cinco tempos (2004). O diretor optou por contar a história em ordem inversa, revelando seu desfecho no início. A trama é composta por cinco capítulos. O primeiro trata do divórcio entre Marion (Valeria Bruni Tedeschi) e Gilles (Stéphane Freiss). Apenas no fim do filme, o espectador acompanha como o casal se conheceu.
Em Namorados para sempre (2010), o diretor e roteirista Derek Cianfrance mostra mais um caso de amor danificado pelo tempo. É bem possível que muitos tenham assistido ao longa atraídos pelo título dado pela distribuidora brasileira. Contudo, Cianfrance não trata de nenhum namoro eterno. O cineasta revela tanto o encantamento inicial de quando Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling) se apaixonaram quanto o rancor que tomou conta do relacionamento.
Talvez as obras citadas aqui não sejam muito recomendadas para noivos ou recém-casados, mas elas podem ser uma boa pedida para quem curte cinema. Para os pombinhos da vida real, eu torço que eles tenham mais sorte que os protagonistas desses filmes. Até a próxima semana!