Amanhã estreia na Rede Globo a 12ª temporada do Big Brother Brasil. O programa faz parte do ‘pacote’ de férias montado pela emissora, em substituição à programação fixa que rola durante a maior parte do ano.
Particularmente, conheço muita gente que adoraria dar um ‘adeusinho’ ao reality show. Apesar de reconhecer a superioridade numérica dos ‘brothers’ e ‘sisters’ ansiosos em dar ‘uma espiadinha’ na casa, nas palavras de Pedro Bial, ‘mais famosa do Brasil’.
Pois bem, quero aproveitar a ocasião para falar de um Big Brother do qual todos nós somos protagonistas e muitas vezes sequer notamos. Se para um cidadão comum as férias representam o momento oportuno para fugir da rotina e do estresse diário, o merecido descanso esbarra num potencial adversário: a cultura da vigilância e visibilidade.
Por todos os lugares (sem exageros), seja público ou privado, se multiplicam as câmeras de vigilâncias. O vai e vem das pessoas é registrado em: centros comerciais, como shopping centers; bares; clubes; restaurantes; bancos; estádios; hotéis; estações de metrôs; ônibus; praias; aeroportos e espaços públicos, como praças, parques etc.
Conhece o ditado: “Os incomodados que se mudem”? Esqueça, também já pensei sobre o assunto. Até mesmo as ilhas ditas paradisíacas são monitoradas via satélites ou por sensores e tecnologias que controlam o espaço geográfico. A explicação para tamanho voyeurismo?
Segundo o Nelson Arteaga Botello, os sistemas de vigilância estão ligados à proteção e controle social:
“Houve um aumento na coordenação da vigilância entre indivíduos e organizações públicas e privadas em diferentes níveis e escalas, com o objetivo de estabelecer mecanismos de proteção ao risco, mas também passando por cima da privacidade de indivíduos e grupos sociais. (…) Mais do que um ‘big brother’, o que realmente temos são vários ‘little brothers’ que crescem, associam-se e comunicam-se entre si.” (In: Vigilância e Visibilidade, 2010, pp.18 e 19)
Nesse caso, só nos resta uma saída: ficar de olho. Boa segunda.
esse universo de câmeras de vigilância também não deixa de ser um mecanismo de controle com o pretexto da proteção e segurança… bom texto, helô! saudades!!
Pois é João, muitas pessoas preferem abrir da privacidade em nome de uma segurança que, no fundo, se disfarça como uma maneira de manter o controle social. A novidade é que agora, além do panóptico (a ideia de que poucos veem muitos), também entra em cena o sinóptico – muitos observando poucos. Daí porque os realitys shows hoje fazem tanto sucesso: é a nossa ‘ doce vingança’ – vamos vigiar porque estamos sendo vigiados também. Obrigadinha pela visita. Saudades também!
Me senti nas aulas da faculdade de novo com esse papo de controle e vigilância hehehe
Ótimo texto e MUITO OBRIGADA pela inspiração que me deu sem querer, pq eu meio que não sabia sobre o que ia falar ainda, mas acabei de ter a ideia! =D