Mudança radical

Não consigo pensar em nenhuma mudança mais extrema do que a troca de identidade sexual. No cinema, o tema já foi explorado diversas vezes. Um exemplo que está atualmente em cartaz é Tomboy (2011), dirigido e escrito pela francesa Céline Sciamma. O filme tem uma abordagem incomum, pois sua personagem principal é uma menina de apenas dez anos.

O corte de cabelo e as roupas dão à Laure (Zoé Héran) uma aparência masculina. Quando ela vai morar em outro bairro, a nova vizinha Lisa (Jeanne Disson) pensa que Laure é um garoto. A protagonista assume, então, o nome Mickäel. Mesmo que nesse processo não tenha havido uma cirurgia definitiva, a transformação é radical.

Céline Sciamma tem o cuidado de tratar da sexualidade na infância de forma delicada. Dessa maneira, evita-se a possível rejeição do espectador. O trabalho da cineasta ainda agradou a crítica. A produção foi inclusive a última vencedora do prêmio Teddy, competição do Festival de Berlim voltada a obras com temática gay.

Mais um destaque é a atuação de Zoé Héran. Seu papel seria complicado até para artistas experientes, mas Zoé encara o desafio como se fosse gente grande. Malonn Lévana é outra atriz mirim que merece elogios. Ela interpreta Jeanne, a irmã caçula de Laure.

O principal assunto do Tomboy também aparece como a questão central de Meninos não choram (1999). Ao chegar à Falls City, pequena cidade de Nebraska, Teena Brandon (Hilary Swank) se passa por um jovem rapaz – Brandon Teena. A princípio, a nova identidade não traz problemas. Brandon faz amigos, se apaixona por Lana (Chloë Sevigny) e é correspondido. Porém, a situação se complica quando a verdade vem à tona.

O enredo, que é baseado em fatos reais, mostra como a intolerância sexual permanece forte na sociedade. Quando Brandon é desmascarado, a violência é deflagrada em Falls City. Em sua estreia em longa-metragem, a diretora e roteirista Kimberly Peirce tem o mérito de alertar para esse tipo de preconceito.

É impossível falar sobre Meninos não choram sem mencionar o desempenho da Hilary Swank. Tal atuação lhe rendeu um Oscar em 2000. Para mim, esta continua sendo a melhor performance da carreira da atriz. Por isso, o filme é uma boa pedida para quem deseja ver uma ótima interpretação.

4 thoughts on “Mudança radical

  1. Lu, adorei a resenha e fiquei super curiosa em ver o filme! Sou suspeita para falar porque adoro um drama, mas confesso que não conhecia esta cineasta francesa Céline Sciamma! Valeu pela superdica. Bjs

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