Meio ambiente: Você “produz”, eles catam


Seguindo a linha temática desta semana, a coluna Meio Ambiente poderia tratar das mudanças climáticas, já que correspondem ao impacto ecológico mais discutido e visível no dia a dia. Mas, hoje, iremos tratar de outro tipo de mudança: aquela gerada por pessoas que, muitas vezes, passam despercebidas ou ignoradas sob olhares tortuosos pelas ruas. Conhecidos como “catadores” ou “recicladores”, a população que vive das sobras, que tira o sustento a partir de toneladas de resíduos que a sociedade produz, é a mesma que soluciona um grande dilema das também grandes cidades, que é a quantidade avassaladora de lixo, seu despejo nos aterros sanitários – já saturados -, e o consumo exacerbado de recursos naturais nas cadeias produtivas.

Milhões de pessoas vivem da coleta de resíduos no mundo. Estima-se que, no Brasil, 1 em cada 1000 habitantes é catador. De acordo com informações divulgadas no site do MNCR, durante a COP 17, na África do Sul, em 2011, representantes de três continentes destacaram o trabalho dos catadores de materiais recicláveis como a forma mais efetiva de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa no setor de resíduos.

A coleta e o manejo adequado dos resíduos sólidos cabe ao serviço de saneamento básico e envolve, portanto, fatores sócio-ambientais, econômicos e políticos. Entre os materiais mais utilizados na reciclagem, no Brasil, estão o alumínio, o papelão, o vidro e o plástico de garrafas tipo PET. As latinhas de alumínio, que são o produto mais coletado entre esses trabalhadores, podem levar de cem a mil anos para se decompor.

A preocupação com o meio ambiente não deve e não precisa ser sustentada por um discurso mecânico, obrigatório e chato, pois, como toda crise, em geral, abre espaço para oportunidades, assim também ocorre com os dilemas ecológicos. O trabalho de coleta dos materiais recicláveis é um exemplo disso, na medida que é capaz de movimentar a economia do país e gerar renda para as camadas desfavorecidas da sociedade. Divididos em quatro categorias mais abrangentes (listadas abaixo), além da organização em associações e cooperativas, esses trabalhadores são identificados desta forma:

Trecheiros: que vivem no trecho entre uma cidade e outra, catam lata pra comprar comida.

Catadores do lixão: catam diuturnamente, fazem seu horário, catam há muito tempo ou só quando estão sem serviço de obra, pintura etc.

Catadores individuais: catam por si, preferem trabalhar independentemente, puxam carrinhos muitas vezes emprestados pelo comprador que é o sucateiro ou deposista.

Catadores organizados: em grupos autogestionários onde todos são donos do empreendimento, legalizados ou em fase de legalização como cooperativas, associações, ONGs ou OSCIPs.

O Movimento Nacional dos Catadores(as) de Materiais Recicláveis (MNCR) teve início em meados de 1999 e foi oficializado em 2001, ou seja, há cerca de dez anos. Apesar desta profissão existir nas diversas regiões do país, ainda hoje, a identidade ocupacional da classe não está propriamente consolidada. Sob o lema “O catador organizado, jamais será pisado! Pela construção do Poder Popular! Viva o MNCR!!!”, os catadores lutam pela auto-gestão, organização e independência da classe, apoiados na Declaração de Princípios e Objetivos do MNCR.

Para conhecer mais sobre essa história, acesse: http://www.mncr.org.br/

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