Na semana em que o verão é tema do Blog 7em1 , pensei em escrever sobre algum filme que trata da estação mais quente do ano. Porém, resolvi falar de algo que está em cartaz . Afinal, correr para a sala de cinema é uma ótima forma de fugir do calorão das ruas.
Uma alternativa bem refrescante da programação atual é A música segundo Tom Jobim, dirigido por Nelson Pereira do Santos e Dora Jobim. Hoje vai ser difícil não me intrometer um pouco na editoria da Amanda. Como o próprio título sugere, o tema do documentário é a obra de Tom Jobim.
Em quase 90 minutos, não há nenhuma entrevista ou narrador. O longa é montado apenas com trechos de músicas. Apesar do que se possa pensar, existe uma construção narrativa no roteiro assinado pelo próprio Nelson Pereira dos Santos em parceria com a cantora Miúcha. De forma original e agradável, o enredo consegue passar para o espectador o quanto Tom Jobim foi importante.
Obviamente é impossível apresentar todo o trabalho do compositor em menos de duas horas. Mesmo assim, os maiores sucessos não ficaram de fora. Desafinado, por exemplo, aparece algumas vezes. Há espaço inclusive para a sua adaptação em inglês. Ella Fitzgerald foi uma que mandou muito bem interpretando Off the key. Hits como Chega de Saudade, Águas de março e Wave tampouco foram esquecidos.
Garota de Ipanema é a canção que mais marca presença. Sua gravação nos mais variados idiomas evidenciam como Tom Jobim foi influente no Brasil e no exterior. Vemos desde o clássico dueto com Frank Sinatra até a versão cafonérrima de uma cantora italiana chamada Mina. Quem tiver curiosidade pode conferir La Ragazza de Ipanema abaixo.
Sammy Davis Jr, Judy Garland, Sarah Vaughan, e Diana Krall são alguns dos gringos que se aventuraram pela obra de Tom Jobim. Entre os brasileiros, o filme mostra artistas como Elis Regina, Nara Leão, Maysa, Caetano Veloso e Chico Buarque.
João Gilberto é um que quase ficou ausente, pois ele não autorizou o uso de nenhuma gravação sua. No entanto, o músico baiano não escapou. Ele aparece tocando violão enquanto Elizeth Cardoso canta Eu não existo sem você. Repetindo o que o crítico José Geraldo Couto escreveu no blog do Instituto Moreira Salles, encontrar João Gilberto no documentário é como brincar de “onde está Wally”.
A premissa de A música segundo Tom Jobim é bem clara e ela se torna ainda mais evidente com uma declaração do próprio Tom Jobim mostrada no letreiro de encerramento. Ela diz: “A linguagem musical basta”. Tal frase justifica perfeitamente a proposta do longa. Esta homenagem feita a Tom faz bem à memória do músico e também a todo o público. Por isso, é um ótimo programa para o verão.