Muita gente tem comentado que a safra do Oscar 2012 não é das melhores, mas a situação não é tão desesperadora assim. Por isso, resolvi destacar o que eu mais gostei dos concorrentes desse ano.
Nostalgia nas telas
Um dos recordistas em número de indicações é O Artista. Ele compete em 11 categorias. Sua originalidade está na forma como a história é contada. Com tantos recursos tecnológicos disponíveis hoje, o diretor Michel Hazanavicius optou por fazer um filme mudo. A escolha é muito acertada, pois esta produção franco-belga é uma exaltação ao início de Hollywood.
O protagonista George Valentin (Jean Dujardin) é um astro dos anos 20, que se encanta pela jovem atriz Peppy Miller (Berenice Bejo). Com o advento do som no cinema, o estrelato de George se vê ameaçado. Como muito artistas da época, ele se recusa a encarar a novidade. Enquanto ele cai no ostracismo, a carreira de Peppy deslancha.
Jean Dujardin enfrenta muito bem o desafio de atuar sem o auxílio de diálogos. Não à toa, ele é um dos favoritos à estatueta de melhor ator. Sua performance foi reconhecida em premiações como o último Festival de Cannes, o Globo de Ouro e o SAG Awards, o prêmio dos Sindicato dos Atores. Outra estrela do elenco é o cachorro Uggie. O cãozinho vem arrancando muitos suspiros por aí.
A invenção de Hugo Cabret também acumula 11 indicações. Martin Scorsese é outro que celebra a sétima arte. Ele foca nos primórdios do cinema. Os órfãos Hugo (Asa Butterfield) e Isabelle (Chloë Grace Moretz) descobrem a magia da obras de cineastas franceses como os irmãos Lumiére e George Méliès, o principal homenageado.
Poucos apostam que A invenção de Hugo Cabret possa levar o troféu de melhor filme. Porém, é bem possível que ele seja vitorioso em categorias como direção de arte, figurino e efeitos especiais. Como de costume, a equipe de Scorsese fez um trabalho bastante cuidadoso. E ao contrário de Michel Hazanavicius, o diretor americano usou técnicas mais modernas ao olhar para o passado tanto que seu longa está disponível em 3D.
Questões familiares
Um dos competidores mais comentados desse ano traz a família para o centro da trama. Em Os descendentes, George Clooney interpreta o havaiano Matt King. Já no trailer, vemos que o personagem enfrenta diferentes conflitos. Sua mulher, Elizabeth (Patricia Hastie), está em coma irreversível. Com isso, ele tem que lidar sozinho com as filhas – Alex (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller). Matt ainda deve decidir sobre a venda de uma grande propriedade dos seus descendentes. Não bastasse tudo isso, Alex revela ao pai que Elizabeth tinha um caso.
Tais ingredientes dramáticos poderiam resultar em uma novela mexicana. Felizmente, o diretor Alexander Payne consegue dosar esses elementos ao manter o tom do livro que deu origem ao enredo. Aliás, o romance de estreia da havaiana Kaui Hart Hemmings foi lançado no Brasil pela editora Alfaguara. Clooney é mais um destaque. Sua atuação não cai em sentimentalismo barato. Ele é inclusive o grande oponente de Jean Dujardin na batalha pela premiação de melhor ator.
O favorito a melhor filme em língua estrangeira também aborda questões familiares. Eu cheguei a recomendar A separação no post sobre a programação do último Festival do Rio. Relembre aqui. O longa iraniano talvez seja um dos mais interessantes entre todos os indicados da noite.
O ponto de partida da história é o divórcio entre Simin (Leila Hatami) e Nader (Peyman Moadi). Simin deseja se mudar com Termeh (Sarina Farhadi), a filha do casal, para o exterior. Porém, o ex-marido é contra essa ideia. Além da separação, Nader tem que cuidar do pai, que sofre de Alzheimer. Para isso, ele contrata a ajudante Razieh (Sareh Bayat). Um incidente coloca Nader e Razieh em um confronto que deixa o espectador sob tensão até o fim.
Se você anda não viu esses filmes, ainda dá tempo de correr para o cinema antes da cerimônia de domingo. Até a próxima semana!
7 em 1 