DNA de Pereirão

Eis um assunto que o 7em1 domina bem: mulher. Desde que o blog foi criado, sempre esteve sob o comando feminino, apesar de termos contado com a presença de alguns ‘alfas’ na casa. Porém, na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, escolhi uma personagem da ficção para falar das brasileiras: a Griselda, ou como alguns costumam chamá-la, o Pereirão.

Realmente, não sou a pessoa mais noveleira da face da terra. Pra falar a verdade, quase não assisto TV. Entretanto, acho que a personagem criada pelo Aguinaldo Silva carrega melindres do universo feminino. Talvez por isso, ela tenha caído nas graças do público, embora seja um equívoco acreditar que apenas mulheres assistam novelas.

Para começar, o apelido Pereirão vai de encontro à ideia de que somos o sexo frágil. Griselda, por exemplo, ‘é mais macho do que muito homem’ e dificilmente estaria numa situação em que precisaria do amparo da lei Maria da Penha. Além disso, domina a chave de grifo com desenvoltura, dispensa ajuda na hora de consertar o chuveiro, de desentupir o ralo do banheiro ou da pia da cozinha. Se bem que acho muito cômodo ter quem faça isso… 🙂

Em casa, sempre foi a principal provedora, já que o ex-marido, o tal do Pereirinha, passou anos desaparecido. Não é muito diferente da realidade de milhões de mulheres que, hoje, arcam sozinhas com as contas do mês e garantem o sustento dos filhos. Fora o mercado de trabalho que insiste em pagar a nós, salários inferiores para desempenhar a mesma função.

Outro aspecto que desperta empatia pela personagem é maneira como ela guia suas atitudes por valores morais. Não obstante ter ficado milionária ao ganhar na loteria, Griselda jamais parou de trabalhar tampouco abandonou os velhos amigos. Na trama, não raro o telespectador se delicia ao vê-la colocar o velho macacão e encarnar a ‘marida-de-aluguel’.

Foi com o mesmo pulso forte que ela cuidou da educação dos filhos e, apesar de adultos, não se intimida na hora de repreendê-los ou chamar-lhes atenção. Aqui, ressalta-se uma forte concepção de nossa sociedade onde a mulher continua a ser a principal responsável pela formação dos filhos, ainda que atualmente os homens tenham se tornado pais mais presentes.

Porém, o grande trunfo do Pereirão reside na aparência. Com roupas e maquiagem discretas, corpo condizente com a idade, a personagem foge ao padrão ‘boazuda’. Um alívio para as mulheres cujo biotipo carne e osso não seja recheado por muitos mililitros de silicone.

Agora, não se iluda. Griselda sofre do mesmo mal que a maioria das mulheres: a pressão para ser perfeita. É a mãe dedicada, a esposa fiel, a avó carinhosa, a sogra conciliadora, a empresária competente, a amiga sensível, a amante voluptuosa e por aí vai! Com tanta expectativa, imagina o tamanho da cobrança?! Certamente, não deve faltar aquelas que se orgulham de serem mais parecidas com o Pereirão. Mas bom mesmo é ser mulher, sem hiperlativos ou letras maiúsculas. O que, no nosso caso, também já representa muito coisa!

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