Noite americana
O primeiro da lista apareceu logo no início do blog, na semana em que falamos sobre o cotidiano. Relembre aqui. Noite Americana é ambientado nas gravações do longa fictício A chegada de Pamela, em Nice, na França. O próprio François Truffaut encarna o diretor Ferrand. Noite americana é acima de tudo uma homenagem ao cinema. O trecho a seguir evidencia isso:
Mais relevante do que o enredo de A chegada de Pamela, é o que acontece nos bastidores. Jean-Pierre Léaud interpreta Alphonse, um ator imaturo que namora a estagiária de set. Jacqueline Bisset é Julie Baker, a estrela do filme. Os produtores desconfiam da moça porque no passado ela já abandonou uma filmagem por sofrer de depressão. Outro destaque é a veterana atriz Severine, papel que coube à Valentina Cortese.
Oito e meio
Em Oito e meio, Guido é o alter ego de Frederico Fellini. Encarnado por Marcello Mastroiani, o cineasta Guido passa por um bloqueio criativo às vésperas do início das gravações de seu próximo trabalho.
O protagonista não só enfrenta o problema profissional. Ele também relembra de momentos e de pessoas importantes na sua vida. Mulheres como Claudia (Claudia Cardinale) ganham especial destaque nessas memórias. Oito e meio foi um prato cheio para que Fellini colocasse elementos autobiográficos na trama. Fellini também explora a temática e a estética do sonho. A cena de abertura traz essas características.
Bem antes de O artista, o advento do som na indústria cinematográfica já havia sido o mote para Cantando na chuva. O sucesso dos astros Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) parece ameaçado com a chegada do filme sonoro. Lina, por exemplo, tem uma voz tenebrosa. A jovem Kathy Selden (Debbie Reynolds) ajuda na adaptação dos atores nesta nova era do cinema.
Eu tenho uma implicância enorme com musicais, mas este é irresistível. Uma das cenas que torna o longa ótimo é a famosa sequência em que o personagem de Gene Kelly canta Singin’ in the rain. Você pode conferi-la logo abaixo e dificilmente você não vai ficar com a canção na cabeça.
Não é apenas a ficção que explora o próprio universo do cinema. Um documentário pode cumprir tal tarefa. É o que João Moreira Salles faz de forma muito bonita em Santiago. O documentarista também revê o seu passado.
As imagens são de um material que gravou há anos atrás quando tentou fazer um filme com o antigo mordomo de sua família. A obra inicial não vingou. João Moreira Salles pensa por que motivos isso aconteceu. Essa análise traz questionamentos sobre como deve ser a relação entre documentarista e personagem. No caso de Santiago, o relacionamento entre empregado e patrão também entra em discussão.
Esse post poderia ser ainda mais extenso, pois há inúmeros filmes em que cineastas trataram sobre o seu trabalho. É melhor ficarmos por aqui mesmo. Até a próxima semana!