Música: On the beat

Estou imersa na narrativa de Jack Kerouac. Em Na Estrada, ele narra uma época em que um grupo de pessoas vivia pelo prazer de viver, de escrever e de fazer música. Eram pessoas que jogaram fora as velhas regras da literatura, da música, do sexo e da religião. A geração beat, como esse grupo era chamado, se inspirava no ritmo do bop para viver.

O bebop ou bop é um estilo de jazz desenvolvido em meados da década de 40 e caracterizado pelo ritmo rápido, o virtuosismo instrumental e a improvisação.  Pois justo a improvisação e harmonias inovadoras de Dizzy Gillespie tiveram uma profunda influência sobre Kerouac.

Os ritmos complexos e a improvisação de Charlie Parker e Thelonious Monk também influenciaram a abordagem espontânea de Kerouac para escrever prosa.

Todo esse ritmo pode ser visto no trecho a seguir, em que ele fala sobre um show de Slim Gaillard em São Francisco.

“Mas certa noite sem mais nem menos piramos outra vez; fomos ver Slim Gaillard numa pequena boate em São Francisco. Slim Gaillard é um negro alto e magro com grandes olhos melancólicos que tá sempre dizendo “Legal-oruuni” e “que tal um Bourbon-oruuni”. Em Frisco multidões enormes sentam a seus pés e escutam o piano, no violão e nos bongôs. Depois que ela esquenta ele vai fundo. Faz e diz tudo que lhe vem à cabeça. Pode cantar “Cement Mixer, Put-ti, Put-ti” (que ele compôs) e de repente diminui o ritmo e fica em transe sobre os bongôs com as pontas dos dedos mal tamborilando o couro enquanto todos se inclinam para a frente sem respirar só para ouvir…” (Ed. L&PM, 2011, p. 313)


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