No ano passado, Gilberto Gil lançou Fé na Festa. O 56º CD do baiano vem repleto de xotes, xaxados, toadas e baiões, num claro retorno às origens de Gil. O álbum é a trilha sonora perfeita para pular fogueira, comer bolo de milho e paçoca e dançar colado. Parece um segundo volume para o CD em tributo a Luiz Gonzaga, Eu, Tu, Eles (2000), mas dessa vez de um compositor e musicista que mostra toda a sua independência. O discípulo aprendeu com o mestre.
Um dos artistas com mentalidade mais avançada quando assunto é o livre compartilhamento da arte, Gilberto Gil produziu um CD a sua altura: cheio da alma nordestina, mas sem cair no saudosismo; respeitoso com a tradição, mas bem moderno. Em O livre-atirador e pegadora, por exemplo, ele aborda as relações pra lá de liberais de hoje em dia.
Não é casal porque não são casados
Não é um par porque logo são três – ou mais
O fato é que já estão acostumados
Namoradas, namorados vários de uma vez
O CD é um tributo não a um músico, como nos álbuns Eu, Tu Eles e Kaya N’Gan Daya (de 2002, uma homenagem à Bob Marley), mas a um estilo musical. É uma tentativa de levar o ritmo e tradições do interior do país para dentro das pessoas.
Se você ainda não tiver ouvido o CD inteiro, aproveite e descubra toda a discografia de Gilberto Gil, disponível no site do músico.