Homem-Aranha: o herói rejuvenescido

Você já conhece a história. Um jovem nerd, muito inteligente, mas deslocado e incompreendido; é picado por uma aranha geneticamente modificada e adquire suas habilidades. Torna-se extremamente ágil, forte e capaz de grudar-se em paredes. Assim, passa a usar seus novos poderes para combater o mal, movido, em princípio, por culpa e senso de dever, já que ele poderia facilmente ter impedido a morte de seu tio num assalto, porém se omitiu.

Pronto. Temos a sinopse do Homem-Aranha, provavelmente o mais querido dos super-heróis em quadrinhos. O personagem, criado nos anos 60, ficou ainda mais popular após a trilogia de filmes da década passada, realizados pelo diretor Sam Raimi e estrelados pelo ator Tobey Maguire.

Agora, o Homem-Aranha retorna em nova versão. Peter Parker (Andrew Garfield) é jovem, está na escola, apanha de uns valentões e é apaixonado pela adorável Gwen Stacy (Emma Stone). Ganha poderes de aranha, seu tio Ben (Martin Sheen) é assassinado, ele começa a sua atividade de vigilante usando sua roupa azul e vermelha… E, de novo, seus superpoderes o colocarão em confronto com um vilão muito perigoso, também criado pela ciência: o doutor Curt Connors (Rhys Ifans) aplica em si mesmo um soro regenerador e se transforma na medonha criatura chamada de Lagarto.

As inovações no tratamento do personagem (mais humor e sarcasmo, os disparadores de teia mecânicos) ajudam a disfarçar a falta de inovações do filme. O diretor Marc Webb, o mesmo do encantador “(500) Dias Com Ela”, conduz bem a história de amor entre Peter e Gwen e extrai boas atuações do elenco – Garfield, em especial, se entrega totalmente ao papel e dá vida ao drama de Peter, fazendo o público acreditar na pessoa por trás da máscara do herói.

Ainda assim, o roteiro tem problemas. Além de coincidências óbvias – Peter vai ao laboratório da Oscorp e quem trabalha lá? Gwen. Sai para jantar com a moça e quem é o pai dela? O policial encarregado de prender o Aranha –, não faltam clichês: o vilão tem uma “super arma” e um plano que não faz muito sentido. O foco também muda constantemente: primeiro Peter quer saber a verdade sobre seus pais, depois, já como Aranha, busca o assassino do tio Ben; logo, seu novo objetivo passa a ser a busca pelo Lagarto. As sequências de ação e a concepção visual são genéricas. Webb não faz nada que Raimi já não tivesse feito antes.

O Homem-Aranha é um personagem fadado a ser reinventado e condenado, pela própria popularidade, a ser eternamente jovem. Todo mundo gosta do “Aranha” adolescente, tentando equilibrar seus problemas no colégio e suas namoradas com os desafios da vida de super-herói. Nem todo mundo curte o “Aranha” adulto, fora da universidade, casado…  De tempos em tempos, alguém vem e “rejuvenesce” o personagem nas histórias em quadrinhos. No cinema, não haveria de ser diferente. O Homem-Aranha é o Peter Pan dos super-heróis, mesmo contra a vontade. Uma vez rejuvenescido, esperamos coisas ainda melhores para ele no futuro. Existe potencial para isso.

Cotação: ★★★ Bom

2 thoughts on “Homem-Aranha: o herói rejuvenescido

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