(Uma cadeia alimentar invertida. Fonte: The Atlantic)
Mais do que uma filosofia de vida, uma medida estratégica para as sociedades. Eliminar ou reduzir hábitos alimentares que se refletem na competição pelo uso da terra pode ser considerado um dos desafios para alimentar a população mundial que já superou a marca dos 7 bilhões de habitantes. O simples crescimento da população mundial representa grande impacto nos estoques de comida. Para as próximas décadas, estima-se ainda que haja uma média de 80 milhões de bocas a mais para alimentar a cada ano.
Os Estados Unidos, o Brasil, o Japão e a China estão entre maiores consumidores de carne bovina. O aumento do consumo de alimentos em geral, entre grãos, carnes, leites e ovos, se verifica principalmente entre os países em desenvolvimento como o Brasil e a Índia. Vale ressaltar que, para produzir 1kg de carne bovina, são necessários aproximadamente 10kg de grãos, que são utilizados no preparo da ração dos animais.
Em um cenário de crise alimentar já em muitas partes do globo, uma dieta ecológica tem importância social. Na Índia, que apresenta cerca de 1,2 bilhão de habitantes (estimativa 2011) e uma população predominantemente vegetariana isso funciona bem.
A sacralização de animais como a vaca, pelo viés da tradição ou religião hindu – ainda que não seja unanimidade –, e a alimentação lacto-vegetariana contribuem para não romper a capacidade de suporte do território, com suas terras destinadas à agropecuária, e para reduzir os riscos de colapso da sociedade.
Com um quinto da população mundial, território e recursos hídricos limitados, a produção de carne de boi na China, hoje, também não é tão expressiva devido ao alto custo de produção e insuficiência em terras de pasto.
Ainda que o consumo per capita de carne bovina na China seja de apenas 4 quilos por ano, de acordo com dados da ONU, os chineses já consomem mais de um quarto da produção mundial. O consumo de carne, especialmente a suína, nesta região é quase o dobro em relação ao dos Estados Unidos.
Neste sentido, a capacidade de suporte do planeta, de modo geral, seria maior se todos passassem a cultivar hábitos alimentares predominantemente – e não exclusivamente – vegetarianos. Considerando que muito se perde em energia conforme avançam os elos de uma cadeia alimentar, as dietas ecológicas ou vegetarianas além de pouparem espaço, recursos naturais e o meio ambiente, proporcionam um alto rendimento energético alimentar para as populações.