No começo da década de 50, Jack Kerouac juntou um monte de folhas de papel com fita adesiva, formando um enorme rolo; sentou-se em frente à máquina e começou a escrever. O relato, escrito por vários dias num fluxo de consciência praticamente febril, narrava suas viagens de carro, carona ou a pé pelo país; ora sozinho, ora na companhia de seu amigo Neal Cassady.
As pessoas e incidentes no caminho, bem como seus amigos, foram todos parar no texto, com os nomes mudados. E foi assim que Kerouac escreveu Pé na Estrada (On The Road), um dos mais importantes livros americanos do século XX. A obra tornou-se o marco inicial do movimento beat, definido pelo uso de drogas e também pela liberdade sexual e artística.
Desde sua publicação, em 1957, On The Road desafiou todas as tentativas de adaptação para o cinema. Com produção de Francis Ford Coppola, coube ao diretor brasileiro Walter Salles, conhecido pelos seus filmes de estrada – Central do Brasil (1998) e Diários de Motocicleta (2004) – finalmente trazer On The Road às telas. O resultado é uma adaptação interessante, digna e em vários momentos cativante, no melhor espírito do livro.
Na Estrada conta a história de dois caras apaixonados um pelo outro e pela vida. Sal Paradise (Sam Riley) conhece Dean Moriarty (Garrett Hedlund) depois da morte de seu pai. Dean é uma daquelas personalidades magnéticas: impulsivo e “louco”, como descreve Sal. Ansioso para tornar-se escritor, Sal parte em diversas viagens com o amigo, às vezes acompanhados de Marylou (Kristen Stewart), esposa adolescente de Dean. Sal busca sentido para sua existência. Dean, o pai que o abandonou. O destino nunca é realmente importante para ambos – apenas a viagem e a ânsia por experimentarem tudo o que puderem pelo caminho.
Filmado em locações, sem nenhuma cena em estúdio, o diretor faz da câmera um passageiro, acompanhando os personagens durante suas viagens errantes. A trilha é jazzística, com um ritmo livre e improvisado, assim como aprecia os personagens. O improviso marcante da trilha sonora também influencia as opções do diretor: em Na Estrada, Salles adota um estilo fluido, com câmera na mão, edição ágil e posicionamento livre dos atores em cena.
O elenco reunido para o filme é consistente, com destaque para a dupla de protagonistas – Riley e Hedlund são perfeitos. O camaleônico Viggo Mortensen tem outro grande momento na pele de Old Bull Lee. E Kristen Stewart dá um passo à frente na carreira, com uma boa atuação no papel ousado de Marylou.
Cotação: ★★★★ Muito Bom
Eu senti falta de mais estrada no filme, mas também gostei. Me surpreendi com a Kristen Stewart, ela não estragou o filme. rsrs
É, esse filme pode representar o primeiro passo pra ela se desvencilhar da imagem de “Crespúsculo”. Obrigado por ler.
Pingback: Retrospectiva 2012: o Cinema no ano que passou « 7 em 1