Mais do que os sorrisos dos campeões, se tem algo que vai ficar registrado nos Jogos Olímpicos de Londres é o racismo de torcedores e atletas. Há duas semanas, a coluna destacou o fato de as Olimpíadas 2012 serem as primeiras com 100% de cobertura devido à internet. No entanto, além de ser um espaço para acompanhar as competições, as redes sociais têm sido usadas para publicação de comentários racistas.
Seis dias atrás, a atleta grega Voula Papachristou foi expulsa da delegação de seu país depois de postar mensagem preconceituosa numa rede social: “Com tantos africanos na Grécia, pelo menos os mosquitos do Nilo Ocidental comerão comida caseira.” Voula fazia referência a um surto de vírus do Nilo Ocidental, doença potencialmente fatal transmitida por mosquitos de origem africana. Entretanto, um dos partidos gregos reagiu ao comentário e exigiu a expulsão da atleta, uma das promessas de medalha para a Grécia.
O Brasil, apesar de sua habitual tolerância, envolveu-se em caso semelhante. Eliminada da competição, a judoca Rafaela Silva foi insultada em sua página do Twitter: “lugar de macaca é na jaula”, “você não é melhor do que ninguém porque é negra”. A judoca, então, reagiu às provocações com palavrões: “Babaca filha da puta. Vai caçar o que fazer do que ficar com inveja dos outros e falando besteira. Vai lavar uma louça, já que não tem o que fazer”.
Indignada, nesta terça feira (31/07), a treinadora da seleção feminina de judô, Rosicleia Campos, saiu em defesa de Rafaela: “Ele é que tem que estar na jaula, só um animal pode falar uma coisa dessas. Ela é uma atleta olímpica, a carreira dela é brilhante, é um ser humano maravilhoso. Que país é esse que discrimina as pessoas por causa da cor da pele?” – rebateu Rosicleia.
Em nota, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) afirmou “repudiar qualquer manifestação de racismo, seja contra atletas, membros de delegações ou qualquer outra pessoa”.
Está faltando ou não mais espírito esportivo?