Lagoa Limpa rumo às Olimpíadas 2016. Será?

A Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos principais cenários responsáveis pela eleição da cidade carioca nas Olimpíadas 2016, na Zona Sul do Rio, tem um desafio a cumprir. Para receber as provas durante os jogos, o processo de despoluição em curso desde 2008 com o Projeto Lagoa Limpa, do Grupo EBX, liderado pelo empresário Eike Batista, promete um resultado de 90% na renovação das águas.

Antes de ser manipulado pelas atividades humanas, o ecossistema natural apresentava boa qualidade do recurso hídrico. As alterações ecológicas começaram por volta do início do século XIX, com a vinda da Família Real para o Brasil, e o processo de urbanização. Desde então, houve várias propostas de despoluição da Lagoa, que permaneciam no papel. A iniciativa de empresas em prover recursos e tocar projetos ambientais é uma mudança relativamente recente no cenário brasileiro.

Localizada em uma área de alta densidade populacional, a Lagoa recebe, ainda hoje, despejos domésticos que desencadeiam o processo de eutrofização, que ocorre naturalmente ou por causas antrópicas (ação humana). O fenômeno em questão é considerado uma forma de poluição, na medida que reflete o acúmulo de nutrientes, trazidos pelas chuvas e afluentes domésticos e industriais, e induz o aumento excessivo de algas.

A falta de oxigênio reduz a quantidade de energia no ecossistema e gera a alta concentração de matéria orgânica – inclusive pela mortandade de peixes –, que libera gás carbônico através do metabolismo das bactérias anaeróbicas. O desequilíbrio ecológico no sistema aquático é decorrente da contaminação dos esgotos, óleos e resíduos sólidos lançados diariamente na Lagoa.

Para o Grupo EBX, é importante considerar toda a bacia hidrográfica da Lagoa – formada pelos rios dos Macacos, Cabeça erio Rainha -, e o sistema de esgotos. A única via de comunicação com o mar, pelo canal do Jardim de Alah, encontra-se obstruída, o que reduz a taxa de renovação das águas. A ideia consiste na recuperação ambiental do ecossistema, por meio de um processo mais natural possível de oxigenação.

O mecanismo de despoluição ocorre através das trocas de fluxo entre a Lagoa e o mar, com a construção de dutos afogados (sifões), trazendo benefício também para praias como a de Ipanema e do Leblon. Para viabilizar a obra, o Grupo realizou a dragagem das cinco áreas mais assoreadas da Lagoa: Canal do Piraquê, Parque dos Patins, Jardim de Alah, Caiçaras Sul e Parque do Cantagalo. As intervenções de caráter preventivo consistem na coleta de resíduos e na revisão do sistema de esgotamento sanitário para combater a poluição. Para a remoção das algas, são usados catamarãs (barcos com 2 cascos) e o lodo retirado é depositado em cavidades existentes no fundo da própria Lagoa.

A Cedae participa com o esgotamento sanitário e a manutenção das elevatórias ao redor da Lagoa, além da utilização de robôs para filmar as galerias de águas pluviais à procura de ligações irregulares; o manejo hidrológico é conduzido pela Fundação Rio-Águas, órgão da Secretaria Municipal de Obras; a Comlurb cuida da extração dos resíduos sólidos; a Feema realiza o monitoramento para determinar parâmetros físico-químicos e biológicos, além da coleta de sedimentos.

O plano teve início com a articulação das instituições, o levantamento das necessidades da Lagoa e a assinatura de termos e convênios. As medidas de saneamento visam à recuperação dos espaços aquáticos e, por conseqüência, a manutenção do espelho d’água. A etapa final é a implantação de ações estruturais, já em andamento. O governo federal estimou o investimento de 4 bilhões de dólares para a conclusão das obras.

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