O folk para multidões de Babel, Mumford and Sons

Já falei sobre a característica minimalista do folk em outro post, mas com o lançamento do segundo CD da carreira, o quarteto inglês Mumford and Sons leva o folk para outro patamar, o das arenas. Também já escrevi sobre o efeito de grandes plateias na música das bandas e acho que isso explica a sonoridade de Babel. Cheio de músicas expansivas, com variações no ritmo que soam perfeitas para serem acompanhadas por multidões de pessoas cantando e pulando em uníssono.

Ok, vocês vão me dizer que não houve uma grande mudança em relação ao que eles já tinham apresentado em Sigh No More, primeiro álbum que colocou o Mumford and Sons sob os holofotes. Concordo. Apesar de algumas novidades aqui (Broken Crown) e acolá (Broken Feet), a fórmula é a mesma ao longo do álbum, o que pode ser um pouco frustrante.

Outro ponto que chamou minha atenção – e não da melhor forma – foi a produção. Enquanto o primeiro CD parecia uma performance ao vivo – espontânea mesmo que com falhas-, com quatro caras cantando ao redor de um só microfone; no segundo, a gravação parece ter sido feita individualmente. Pode parecer contraditório, mas apesar de ganhar em qualidade, esse formato perde um pouco em espontaneidade e vigor, a característica mais marcante da banda.

A composição e produção mais trabalhadas, no entanto, não enfraquecem o som da banda. Eles continuam se destacando do restante da indústria – dominada por divas pop e autotune. Eles não precisam realizar grandes mudanças a cada álbum – pelo menos, não no segundo – para manterem o som espontâneo e pouco convencional.

E o que os distingue dos conterrâneos da cena folk, como Laura Marling e Noah and the Whale é a composição. As letras Marcos Mumford bebem de influências literárias e bíblicas. Se na Babel do Gênesis Deus castigou a soberba humana confundindo as línguas dos criadores da torre de forma a impossibilitar a comunicação e finalização da obra que tocaria o céu, a Babel de Mumford (filho de pastores protestantes) e companhia consegue conciliar desejo e execução de forma bem-sucedida.

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