Você certamente já viu, em algum momento, um filme dele. A série cinematográfica de James Bond, agente secreto britânico com licença para matar e que opera sob o número 007, é um daqueles fenômenos culturais presentes em nossas vidas. De fato, a mística em torno do personagem já entrou para o imaginário popular, e este ano ela promete ficar ainda mais forte.
Em outubro, comemoram-se os 50 anos do primeiro filme de Bond, 007 Contra o Satânico Dr. No (1962), e os festejos incluem também o lançamento de um novo filme, o 23º da série. James Bond surgiu na literatura, da mente do escritor inglês Ian Fleming (1908-1964). Fleming foi jornalista e oficial da Inteligência Naval e como tal tinha conhecimento das operações de espionagem durante a Segunda Guerra. Chegou mesmo a planejar e participar de algumas.
Sem dúvida, essas experiências o ajudaram a conceber os enredos dos livros de Bond. O primeiro deles foi Cassino Royale, lançado em 1953. O autor publicou ao todo mais onze livros e duas coletâneas de contos com seu célebre personagem. Os direitos para o cinema foram licenciados para a produtora dos sócios Albert Broccoli e Harry Saltzman. E assim começou a trajetória cinematográfica de 007, cujas eras se definem pelo ator em frente às câmeras – sim, pois enquanto a maiorias dos filmes é muito dependente de um roteiro ou do diretor, os de Bond dependem sobretudo do astro.
O primeiro foi Sean Connery, e seus filmes como 007 nos anos 60 revolucionaram para sempre o cinema de ação. Tinham uma edição dinâmica, muitas cenas perigosas e efeitos visuais, um clima de intriga, exploravam locações… em suma, eram algo novo e excitante para o público. E acima de tudo, o carisma do ator e seu personagem viraram a cabeça de todos. Bond era frio e cínico, um detetive de filme noir com anabolizantes. Ele pouco sentia a morte de seus amigos e considerava as mulheres apenas como fonte de informação ou de prazer.
Em Satânico Dr. No, ele mata um inimigo praticamente desarmado – a primeira vez em que um herói de ação fez isso no cinema, e as plateias não o odiaram por isso, pelo contrário, o adoraram ainda mais. Ao final da década, Connery cansou do papel e pediu para ser substituído. A rotatividade de atores e a capacidade de se adaptar aos novos tempos também se tornaram características da série. O segundo Bond, George Lazenby, foi arrogante com os produtores e desperdiçou sua chance, mas o único filme estrelado por ele hoje em dia é considerado um dos melhores da série.
O terceiro Bond, Roger Moore, foi extremamente bem sucedido. Moore fez uma versão suave do personagem, em filmes mais bem humorados e muito dependentes das gadgets, as engenhocas do espião, outra marca registrada. Sem dúvida, em vários países do mundo (o Brasil inclusive), os filmes de Roger Moore são mais populares que os de Connery.
No final dos anos 80, Timothy Dalton assumiu o papel prometendo um retorno às origens. Ele fez um 007 mais sério e durão – a primeira tentativa de um Bond mais real. Porém a proposta não foi bem recebida pelo público, acostumado pelos anos a um 007 engraçado. A série entrou num hiato do qual só saiu em meados dos anos 90, com Pierce Brosnan. O carismático ator fez Bond voltar ao caminho do sucesso.
Depois do Onze de Setembro, o exagero das tramas de 007 pareceu muito afastado da realidade. O mundo mudou, e os produtores voltaram ao começo e ao livro original de Ian Fleming para lançar o novo Bond. Daniel Craig, o atual detentor do papel, estreou com o espetacular 007: Cassino Royale (2006), um dos filmes mais fieis ao espírito de Fleming. É Craig que retorna, ainda este mês, com 007: Operação Skyfall, e o filme promete nos levar de novo por um passeio cheio de adrenalina ao lado de um dos maiores personagens de ficção do século XX. Como temos feito, com prazer, desde 1962.
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