Este tem sido (por acaso) um ano de releituras para mim e Alta Fidelidade, de Nick Hornby, não poderia ficar de fora. Antes de falar sobre o livro, acho que vale explicar meu amor por Hornby.
O autor inglês já teve três romances adaptados para o cinema, Alta Fidelidade, Um Grande Garoto e Amor em Jogo; e um quarto está em produção, Uma Longa Queda. Ele também foi roteirista do aclamado Educação. A linguagem de todos os livros que já li (e não foram poucos!) é informal, os personagens são extremamente cativantes e a narrativa é perfeita para as telas. Não gosto de usar tantos adjetivos numa única frase, mas Hornby vale cada um deles. Como amante de música (mais um motivo para eu me identificar tanto com ele), os livros de Hornby têm uma qualidade pop: são como uma música de ritmo cativante e fácil de agradar a todos, mas sem perder a qualidade ou recorrer a atalhos para resolver ou incrementar a história.
Por falar em música pop, acho que posso começar a falar do livro por um questionamento impagável do personagem principal – um homem de 30 e poucos anos mal resolvido profissional e amorosamente. Li a edição da Penguin:
“Did I listen to music beacause I was miserable? Or was I miserable because I listened to music? […] People worry about kids playing with guns, and teenagers watching violent videos; we are scared that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries abut kids listening to thousands – literally thousands – of song about broken hearts and rejection and pain and misery and loss.”
Imagino que muita gente já tenha visto o filme, lançado em 2000, mas vale relembrar a história. Rob Fleming é proprietário de uma loja de discos e acabou de terminar um longo relacionamento quando o conhecemos. Sim, digo conhecemos porque depois de 245 páginas de um monólogo incessante, me sinto como se tivesse conversado longamente com ele num pub inglês. Por ser narrado em primeira pessoa e com direito a perguntas direcionadas ao leitor, essa sensação é ainda mais forte. Rob é um reclamão, um criança grande, um idiota – como ele mesmo reconhece -, porém é impossível não se ver nele em vários momentos da narrativa.
Quando Laura, uma bem-sucedida advogada, larga Rob para ficar com o vizinho de cima, ele decide relembrar suas namoradas anteriores e tentar descobrir o que faz de errado para nunca ter sorte no amor. Essa é só a primeira das muitas listas feitas por Rob ao longo da narrativa, que também incluem seus cinco livros/filmes/músicas do Elvis Costello/empregos dos sonhos favoritos. Além de Rob, outros personagens secundários inesquecíveis ajudam a tornar a história ainda mais crível, seja com a amiga durona de Laura, Liz; os dois loucos que trabalham na loja de discos; ou a cantora americana Marie La Salle.
Alta Fidelidade é uma história sobre crescer e como nem sempre estamos preparados para a vida adulta. Cheio de boas tiradas, o livro – como todos os outros de Hornby – é uma leitura divertida e rápida. E a adaptação para o cinema – que poderia ter sido péssima por causa da narração em 1ª pessoa – é ótima. Não consigo pensar em mais ninguém para interpretar o amargo Rob que não John Cusack.
Alguém aí já leu o livro e quer dividir as impressões comigo?
Oi, Amanda!
Já ouvi falar muito do Hornby, mas nunca li nada dele. Quem sabe um dia me aventuro? Só ouço elogios.
;]
Oi, Jéssica!
Eu recomendo a leitura. Alta Fidelidade é uma boa pedida para começar. 😉