O Hobbit: uma aventura inesperada

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O professor de línguas e escritor J. R. R. Tolkien passou mais de dez anos da sua vida escrevendo o que viria a se tornar uma das obras literárias de maior impacto do século XX: a trilogia O Senhor dos Anéis, publicada entre 1954 e 1955. A história de Frodo Bolseiro, e sua luta para destruir o maligno “Um Anel” em meio aos conflitos do universo fantasioso da Terra-média, encantou gerações de leitores e foi adaptada para o cinema com grande sucesso pelo diretor Peter Jackson.

 Porém, antes de O Senhor dos Anéis, existiu O Hobbit. Publicado em 1937, esse livro pequeno e despretensioso apresentou a Terra-média ao público. Agora, dez anos depois da trilogia que fez história no cinema, Peter Jackson volta suas atenções para onde tudo começou. Mas para Jackson, havia mais material em O Hobbit do que à primeira vista poderia parecer. Houve espanto quando o diretor anunciou que usaria o livro como base para uma nova trilogia.

A narrativa do livro não dá margem a isso, contudo Jackson e suas co-roteiristas Fran Walsh e Philippa Boyens (o mesmo time que fez a adaptação de O Senhor dos Anéis) expandiram temas, desenvolveram personagens e aprofundaram passagens do livro para aumentar a história. Os apêndices de O Senhor dos Anéis também foram explorados. Claro, há um aspecto mercadológico por trás dessa decisão, mas, a princípio, não se pode dizer que os roteiristas erraram ao fazer isso (talvez só possamos perceber isso ao ver a trilogia completa). Porém, é certo dizer que Uma Jornada Inesperada, o primeiro capítulo, não é realmente um filme leve como o livro no qual se inspirou.

Bilbo e os anões em O HOBBITA trama começa, numa ótima sacada do roteiro, no dia da festa de aniversário do velho Bilbo Bolseiro (Ian Holm), o evento que iniciava a trilogia O Senhor dos Anéis. Ele então relembra sua aventura de 60 anos antes. O jovem Bilbo (Martin Freeman) era um hobbit pacato que não queria saber de nada além da soleira da sua porta. Até o dia em que Gandalf (Ian McKellen) e os treze anões aparecem em sua casa. Liderados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage), eles têm um plano audacioso para chegar até a Montanha Solitária e recuperar seu tesouro, guardado pelo dragão Smaug. Ao fazer isso, o grande reino dos anões – do qual Thorin é o governante legítimo – poderá ser restituído. Mas eles precisam de um ladrão, e aí entra Bilbo… Relutante, ele embarca na jornada, sem saber que a tarefa está bem acima das suas capacidades (e das do grupo também).

A qualidade técnica do filme é impecável. Os efeitos visuais (obviamente aprimorados depois de dez anos), a fotografia e a trilha sonora são simplesmente soberbos. Entretanto, isso já era esperado – e de fato, é a grande limitação do filme. Ele não traz nada de novo em relação ao que já vimos antes. O filme também é prejudicado pela grande quantidade de exposição. Praticamente toda a primeira metade é gasta preparando conflitos e fornecendo informações para o espectador.

Gollum em O HOBBITMas então algo acontece, e a magia de O Senhor dos Anéis ressurge. O personagem Gollum, vivido novamente via captura de performance por Andy Serkis, aparece já no terço final da narrativa e trava um duelo de adivinhações com Bilbo, dentro de uma caverna escura. É a melhor cena do livro, perfeitamente trazida à vida pela encenação de Peter Jackson e seus atores. É nesse momento que Bilbo descobre o “Um Anel”, o objeto causador de tantos problemas no futuro. A aparição de Gollum, com toda a carga trágica que ela traz, e seus momentos com Bilbo representam o primeiro passo na construção de um poderoso e empolgante final para o público.

A trilogia O Senhor dos Anéis representou um ápice muito grande para Peter Jackson. O patamar estabelecido é muito alto, e neste novo projeto ele não conseguiu alcançá-lo. Contudo, sua revisita à Terra-média, mesmo sem o frescor da primeira vez, ainda vale e muito ser conferida. É um ótimo filme, e os capítulos seguintes prometem ser ainda melhores.

Cotação: ★★★★ Muito Bom

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