O espectador assíduo do gênero ação deve se lembrar como, na década de 90, Hollywood lançou várias imitações de Duro de Matar (1988). A trama desse influente exemplar do filme de ação – “herói combatendo terroristas, por estar no lugar errado, na hora errada” – foi copiada à exaustão, pela indústria hollywoodiana.
Afinal, o que faz sucesso deve ser imitado, então o público viu Duro de Matar, que era ambientado num edifício, inspirar franquias encenadas num navio, avião, trem, ônibus… Pode parecer incrível, mas o cinema americano vez ou outra ainda recicla o modelo que deu tão certo no clássico oitentista. Invasão à Casa Branca repete a fórmula, sem ao menos possuir a vergonha de tentar disfarçar um pouco.
No longa, o “herói errado” é o personagem Mike Banning (interpretado por Gerard Butler). Nas cenas iniciais, ocorre um acidente envolvendo a primeira-dama do país, pelo qual Banning se culpa – situação agravada pelo fato de o Presidente Asher (Aaron Eckhart) ser amigo pessoal dele. Porém, alguns meses depois, um grupo de terroristas fortemente armado ataca Washington, invade a Casa Branca e faz o Presidente e os assessores de reféns. Banning consegue adentrar a sede do governo durante o ataque e parte para a ação para resgatar a todos e evitar a tragédia.
Invasão à Casa Branca é Duro de Matar, porém sem tensão, suspense, empatia ou drama; qualidades que fizeram do filme oitentista um dos melhores clássicos de ação de todos os tempos. Os personagens são rasos, suas motivações são clichês e frágeis – o “traidor”, figura fácil neste tipo de filme, nem se preocupa em explicar direito porque odeia o Presidente – e a trama vai ficando cada vez mais inacreditável na medida em que o filme progride.
No comando, o diretor Antoine Fuqua abandona qualquer traço pessoal ou intenção artística que teria demonstrado no superestimado Dia de Treinamento (2001), que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Denzel Washington. Nele, Antoine ainda tentava contar uma história com um pouco mais de interesse humano. Em Invasão à Casa Branca, ele se limita a fazer um exemplar de ação genérico e sem personalidade, que poderia ter sido feito por qualquer um. A opção dos roteiristas e do diretor de rodar a maior parte das cenas de ação em cenários escuros e sem variação deixa o filme monótono, apesar de representar conscientemente um retorno ao estilo dos anos 80. Há palavrões e muita violência – não se trata de um filme suavizado como muitos dos exemplares recentes do gênero.
O filme tem um elenco muito melhor do que merecia. Entre os coadjuvantes estão veteranos como Robert Forster, Melissa Leo e Angela Bassett, além do já icônico Morgan Freeman, que sempre impõe respeito em suas aparições. Porém, são papéis genéricos e sem profundidade. E Gerard Butler, apesar de esforçado, nunca terá o carisma de um Bruce Willis.
Invasão à Casa Branca chegou com vinte anos de atraso. Pertence a uma época na qual o terrorismo era visto de forma mais “leve” e como matéria-prima de entretenimento. Depois do Onze de Setembro, as coisas não são mais assim. O final patrioteiro e os vilões (numa daquelas coincidências infelizes do cinema, são norte-coreanos, justamente numa época em que se acirram as tensões entre esses países) só demonstram o quanto tal projeto é infeliz.
Título: Invasão à Casa Branca (Olympus Has Fallen)
Dirigido por: Antoine Fuqua
Gênero: Ação
Ano: 2013
Nacionalidade: EUA
Avaliação: ★★ Regular