Informações sobre os males que o consumo desenfreado traz à sociedade não nos faltam. Até propaganda de banco alerta para isso e a onda já é surfada pelo cinema. Apesar da importância do tema, raramente isso nos comove. Felizmente, Wall E foge a esse padrão. O filme prova que não é preciso ser chato para criticar o consumismo.
Sem adotar aquele insuportável discurso inflamado, Wall E consegue passar sua mensagem mesmo que pouco seja dito. As primeiras cenas mostram nosso planeta no futuro como um lixão inabitável onde encontramos apenas um simpático robô chamado Wall E, que é responsável por limpar o local. Tal tarefa é impossível, pois a quantidade de entulho é imensa.
As únicas palavras que ouvimos no início do desenho são de um anúncio publicitário. É assim que ficamos sabendo do programa da empresa BLN, que enviou os seres humanos para um cruzeiro no espaço enquanto uma operação limpeza era realizada na Terra.
A reviravolta da trama se deve à Eva, uma robô que vem do espaço atrás de uma muda de planta. Caso ela encontrasse presença de vida terrestre, isso significaria que os homens poderiam retornar ao seu planeta 700 anos depois da partida da primeira tripulação.
O primeiro encontro com os humanos reforça a visão pessimista em relação ao consumo. Homens, mulheres e crianças são obesos e mal interagem entre si. Eles não fazem nada, apenas dão ordem às máquinas. Porém, esse comportamento muda com a volta de Eva e a chegada de Wall E à nave. Aos poucos, eles se comovem com a chance de voltar à Terra.
Um dos grandes méritos da animação é conseguir encantar tanto crianças quanto adultos. Isso tem sido frequente as parcerias da Pixar com a Disney se analisarmos produções recentes como Up! Altas Aventuras e Toy Story 3. A figura do robô simpático é um dos motivos para o sucesso de Wall E. C3PO e R2D2 da saga Star Wars são exemplos de como a figura da máquina dócil gera grande empatia no cinema de ficção científica. E Wall E e Eva se encaixam bem nesse perfil. A amizade entre os dois personagens atrai ainda mais o espectador. Outro detalhe gracioso na construção de Wall E é que ele parece uma criança pequena. Assim como um bebê, ele fala poucas palavras e seus olhos grandes transmitem uma curiosidade e inocência quase infantis A reação feminina diante do personagem costuma vir acompanhada daquela expressão: Ohhh!!!
A partir da preocupação com o consumismo, Wall E traz uma reflexão mais ampla sobre a própria humanidade. O contraponto entre a doçura e inocência dos robôs com o comodismo dos homens faz com que o público repense seus valores. E o mais importante é que o filme faz isso de maneira leve, mantendo um tom adequado a um desenho animado.
Para quem ainda não assistiu a essa animação, fica a dica de alugar o DVD. Para quem já viu, é sempre bom rever. Afinal, as produções da Disney não costumam ter data de validade.
Até terça, pessoal!
O tema consumo é muito explorado pelo cinema mas, essa abordagem de Wall E, acaba sendo especial porque vem com uma forte dose de emoção. É uma espécie de sacodida que , como o artigo diz, convida a fazer uma grande reflexão sobre a humanidade.