Meio Ambiente: A dinâmica do batom

Gaia, Geia, Gaea ou Gê. Na mitologia grega, a figura da Deusa criadora da Terra ou “terra mãe” é responsável por trazer a harmonia ao Cosmos diante do Caos, suprimindo a desordem e a destruição. As relações entre a imagem feminina com a origem do mundo, com a natureza, e a fertilidade foram traçadas desde as primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos, sendo cultuadas em religiões antigas. Segundo os preceitos da Cabala (Deus usa batom, Ed. Rocco), são as mulheres que nutrem o mundo, carregando a missão de receber a “Luz divina” (desde sentimentos positivos a bens materiais) e, sobretudo, compartilhar.

A partir desta noção de entendimento do mundo e da proteção dos recursos naturais, podemos dizer que a mulher é responsável por colocar ordem no lar, sim, mas em um sentido mais abrangente. O papel reprodutivo e de prover a família, em geral, realizado pela população feminina, é cada vez mais discutido na sociedade e se reflete em políticas públicas de igualdade de gênero. Pensar o desenvolvimento sustentável a partir da inclusão das mulheres traz este reconhecimento, na medida em que amplia a esfera de suas atividades do âmbito doméstico para os campos públicos e políticos, de predominância masculina, até então.

Não é à toa que a igualdade entre homens e mulheres esteja em pauta na agenda da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que se realiza este ano no Brasil. E figura como uma oportunidade de liderança do país no cenário internacional. O governo brasileiro destaca como compromisso os preceitos de desenvolvimento sustentável no meio rural e em áreas urbana, além de soberania e segurança alimentar e energética.

Sobre o gerenciamento de recursos, a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (Sepm) levanta a bandeira de que em tempos de crise global – financeira, econômica, energética, ambiental e social – o mundo exige novas respostas. As mulheres rurais, indígenas, ribeirinhas, quilombolas, das florestas e negras são consideradas, neste setor, como bases fundamentais no processo de inclusão.

E qual é o papel da mulher, enquanto parte de um segmento tradicionalmente excluído da História, em meio a essa questão?

As ações empreendidas por representantes e simpatizantes do movimento feminista, ao longo dos anos, a implementação de instituições recentes como a ONU Mulheres, criada em 2010, e a participação efetiva de mulheres na política internacional apontam para a perspectiva de mudanças.

“Algumas chegaram à arena política depois da morte de seus maridos,

outras desenvolveram suas carreiras em movimentos sociais e políticos.”

(trecho de matéria da BBC, divulgada pela Veja Online/ 2010)

 

A primeira a assumir a presidência do Brasil, Dilma Rousseff, ao integrar o grupo de mulheres líderes na América Latina, em 2011, tomou as rédeas do país – para o bem ou para o mal. Sendo reconhecida como uma mulher inteligente, de mente estratégica, lógica e pragmática, a “dama de ferro” soma a trajetória já iniciada em países da região: na Argentina (Isabel Perón/1974-1976; Cristina Fernández/2007), no Chile (Michelle Bachelet/2006-2010), na Costa Rica (Laura Chinchilla/ 2010), na Bolívia (Lidia Gueiler Tejada/1979-1980), no Equador (Rosalia Arteaga/1997), na Nicarágua (Violeta Chamorro/1990-1997) e no Panamá (Mireya Moscoso/ 1999-2004). E a tendência cresce.

É claro que o potencial e a margem de atuação dessas “dirigentes de saias” estão associados ao peso dos países que lideram – em dimensão territorial, oferta de mão-de-obra, força militar, balança econômica e, principalmente, em abundância de recursos naturais, como o nosso “gigante pela própria natureza”. Quem sabe o futuro poderá nos mostrar que a resposta (para o caos contemporâneo) que o mundo precisa está na natureza feminina – e sua relação íntima com o meio ambiente – para a construção de sociedades mais justas, eficazes e felizes. No encontro oportuno da “origem” e do “fim”.

Deixo aqui uma crônica, de Luis Fernando Veríssimo, em homenagem às mulheres:

COMO AS MULHERES DOMINARAM O MUNDO

Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo.
– Foi assim que tudo aconteceu, meu filho…
Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.
– E aí, papai?
– Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. “Oi querida!”, por exemplo, era a senha que identificava as líderes. “Celulite”, eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam “O regime”.
– E vocês? Não perceberam nada?
– Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior:
Continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.
– Aí, veio o golpe mundial?!?
– Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa. Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente…
– Como era mesmo o nome dele?
– William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci… Desculpe, filho, já faz tanto tempo…
– Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue…
– Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam. A rebelião tinha sido vitoriosa! Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora… Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona…
– Pai, conta mais…
– Bem filho… O resto você já sabe.
Instituíram o Robô “Troca-Pneu” como equipamento obrigatório de todos os carros…
A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho…
E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês…
– TPM???
– Sim, TPM… A Temporada Provável de Mísseis… E quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear…
– Sinto um frio na barriga só de pensar, pai…
– Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas…

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