ESPECIAL VER!SSIMO: Orgias

orgiasEngana-se quem pensa que orgia é tudo igual ou que necessariamente deva incluir sexo. Segundo o mestre do humor, Luís Fernando Veríssimo, o que não pode faltar numa boa orgia é euforia sem limite.

Em Orgias, lançado em 2005, Veríssimo mostra como o prazer e as tentações podem surgir das situações mais inusitadas: durante uma roda de samba, uma feijoada, uma festinha de criança e, porque não, da embriaguez do chefe na comemoração de ano-novo.

Com leitura leve e descontraída, como é característico do autor, o livro reúne 34 contos de pura diversão. Você consegue imaginar as desventuras de uma mãe ao tentar criar para o filho a fantasia mais original do baile? Motor, capacete, instalações elétricas, foguete, placa fotossensível, e no final, tcharãaaa… a criança não consegue se mexer!

E o quê acontece quando Veríssimo se aventura a falar de sexo? Esqueça o boca-a-boca, as cenas picantes, o palavrão desenfreado – até porque não se trata de literatura erótica de baixo nível. Usando como pano de fundo a infidelidade dos personagens, Veríssimo conduz o leitor ao êxtase com altas doses de humor.

Leia um trechinho de conto “Sexo, sexo, sexo”:

“Diva Gar, oceonógrafa: ‘Minha primeira transa foi num Volkswagen. Começou no banco de trás. Quer dizer, meu namorado foi pro banco de trás e eu fiquei metade no banco da frente e metade no banco de trás, sabe como é? Aí ele sugeriu que eu botasse uma perna pela janela e dobrasse a outra por baixo do banco da frente, no lado direito, enquanto ele tentava vir por cima do banco do lado esquerdo, aí eu comecei a dizer ‘Ai ai’, e ele disse ‘Mas não fiz nada’, e eu disse ‘Não, é que meu ombro ficou preso embaixo do freio de mão’. Aí ele disse pra eu recolher a perna que estava pra fora, e eu recolhi, mas fiquei com o joelho preso no volante e apoiei o cotovelo onde não devia e o meu namorado, coitado, deu um grito de dor. AÍ eu pulei pra trás e bati com a cabeça no para-brisa e ele saiu correndo para chamar uma ambulância. Aí veio a ambulância e ele foi comigo para o hospital na parte de trás e aí, sim, deu pra transar legal porque tinha bastante espaço  e até uma cama.”

A obra ainda satiriza um dos clichês mais famosos referente ao Brasil, aqui e no exterior: de que o país é uma tremenda orgia, uma bacanal desenfreada. Eis que, então, um dos personagens decide mudar tal realidade e fazer um pedido atípico a ninguém menos do que o Diabo: “Quero que o Brasil se transforme num país escandinavo. Agora! Um país organizado, sem crime, sem fome, sem injustiça, sem conflitos, magnificamente chato.”

Desconfiado do pedido – porque às vezes até o Diabo se faz de bonzinho – o “coisa-ruim” alerta para a difícil adaptação: “Seria impossível preservar tudo o que nos faz simpáticos, e criativos, e divertidos – enfim, brasileiros no bom sentido – sem a bagunça, e o mau-caráter, e a rede elétrica que pifa por falta de parafuso.” E, obviamente, o personagem pede mais um tempinho para pensar sobre o assunto.

Enfim, para quem procura uma leitura ágil e prazerosa, nada melhor do que conhecer as orgias de Luís Fernando Veríssimo.

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